Grito dos Excluídos
Por: Priscila Siqueira (Fraternidade de São José dos Campos e Litoral Norte Paulista)
Queridas irmãs e irmãos da
Fraternidade Leiga do Irmãozinho Carlos,
Na liturgia do domingo que
passou, o vigésimo segundo domingo do Tempo Comum, o profeta Jeremias desabafa
dizendo que seguir os desejos do Senhor nosso Deus, fez dele um objeto de
chacotas e risadas. Até que o profeta quis desistir dessa tarefe tão difícil,
mas o coração dele não suportou ficar longe da vontade Divina. Porque Deus o
seduziu e ele foi seduzido por Ele/a.
Lutar para uma nova estrutura
social mais fraterna, honesta e democrática, nos faz passar, muitas vezes como
uma pessoa “fora da casinha”. Lembro-me de um prefeito do litoral norte
paulista, que fez as prioridades de seu governo a Educação e a Saúde. Foi
premiado pela Fundação ABRINQ, com o prêmio Betinho da Paz, por ter colocado
nas escolas municipais, 98% das crianças do município. Também na Saúde fez com
que os índices de mortalidade infantil no município caíssem a patamares iguais
a Cuba e Estados Unidos.
Mas não roubou nem comprou a
Câmara Municipal. Um vereador de seu mesmo partido lhe disse: “– Se nos der
dinheiro, vendemos nossas mães”…
Não tendo sido reeleito, o
comentário que se ouvia era: “ele é muito honesto e boa pessoa, não dá para ser
prefeito”… Alvo de chacotas?!…
Sim, o mínimo que recebemos
por lutar pela Justiça é marca de “comunista”. Que pena!! Entregamos para
nossos irmãos comunistas, para Karl Marx, o mérito do Martírio de Jesus. Ele
não morreu nem de velho, nem de doenças, mas na Cruz destinada aos considerados
subversivos pelo Império Romano. Cristo morreu pelo Amor, Justiça e Paz.
No dia Sete de Setembro,
quando celebramos a Independência do Brasil, a Igreja há anos, instituiu o Dia
do Grito dos Oprimidos. Quando vai se dar a independência desses oprimidos?!
Sem dúvida alguma esse é o
nosso desafio de cristãos. De nada adianta jejuns, orações, sacrifícios se sou
indiferente aos que passam fome nas ruas de nossas cidades, aos sem-teto, aos sem-terra,
aos indígenas brasileiros espoliados pela ordem vigente.
Na Missa do domingo passado,
Paulo nos lembra, em sua Carta as Romanos, que escolheu um caminho de muitas
dificuldades. Também nós. Era mais fácil desistir e seguir o caminho suave do neoliberalismo
que exige tudo para si, sem partilhar com o outro.
Mas nosso coração não deixa.
Afinal, meus irmãos e irmãs queridas/os, “o Senhor nos seduziu e fomos
seduzidos por Ele”.
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