O adeus a Antoine Chaterlard, "A VOZ” de Charles De Foucauld
Ele era filho de um padeiro. Fazer o pão, parti-lo, partilhá-lo foram os gestos - reais e simbólicos - que o acompanharam nos sessenta anos que o Irmão Antoine Chatelard viveu no deserto argelino entre Tamanrasset e Assekrem. Sempre nos passos de Charles de Foucauld, a quem dedicou até ao fim um paciente e incansável trabalho de investigação e escrita, que o tornou conhecido também na Itália. Uma obra monumental que o tornou famoso também na Itália, sobretudo graças a algumas traduções como o volume “Verso Tamanrasset” publicado pelas edições Qiqajon da Comunidade de Bose.
A reportagem é de Anna Pozzi, publicada por Avvenire, 05-01-2021. A tradução é de Luisa Rabolini para Instituto Humanitas - Unisinos
Os dois se conheciam bem, embora vivessem em extremos opostos do imenso território argelino. Chatelard foi um homem do Sul, do deserto, que ligou estreitamente a sua vida à Foucauld. Existe uma extraordinária intimidade espiritual entre os dois. E um extraordinário senso de fraternidade. Nos mesmos lugares onde viveu e morreu Foucauld, o irmão Antoine também deixou traços profundos e uma memória indelével. E não apenas entre os poucos cristãos que ainda resistem naquela região fronteiriça, mas também e principalmente entre os locais.
Antoine nunca se afastou muito dali. Depois de alguns anos, havia descido para Tamanrasset, que na época era uma grande aldeia, da qual foi cura e, de certa forma, o "notável", por ser "um dos homens mais idosos da cidade!" como ele brincava. Ele também foi o padeiro de Tamanrasset por um longo tempo. Conhecia todo mundo e todo mundo o conhecia, era um ponto de referência. "Estar aqui há sessenta anos - ele nos dizia - deve significar algo! A gente conhece a história e as pessoas”. Ele sabia que a presença da Igreja naquela terra era muito especial, mas também muito “frágil”. Dizia-o quase com sofrimento, enquanto as pequenas irmãs estavam prestes a deixar para sempre aqueles lugares que estavam tão impregnados de seu testemunho. “A pequena irmã Hayat - lembrava o irmão Antoine - trouxe à luz, boa parte da população daqui”. Para exprimir o sentido de pertença visceral - e recíproca - que ligava os poucos cristãos daquele povo.
“A nossa presença aqui - explicava - não se justifica por quantos somos ou pelas coisas que fazemos. Em vez disso, é uma questão de testemunho. O sentido é o de “ser-com”: com o outro, com o diferente, introduzindo uma diferença que só pode nos enriquecer mutuamente”. Da mesma forma, ele entendia o diálogo islâmico-cristão "vivido na relação cotidiana e no encontro". E também nisso o Irmão Antoine se referiu com frequência às palavras e à espiritualidade de Charles de Foucauld: "Nossa missão - dizia - é falar Dele e, sobretudo, permitir que Ele continue falando".
Charles de Foucauld: o caminho rumo a Tamanrasset. (Col. Testemunhos de Santidade)
A PARÁBOLA DO
FÓSFORO E A VELA
Autor
desconhecido
Certo dia, o fósforo disse para a vela:
– Hoje irei te acender!
– Ah não - disse a vela. Você não percebe que se me acender, meus dias estarão
contados? Não faça uma maldade dessa comigo…
– Então você quer permanecer toda a sua vida assim? Dura, fria e sem nunca ter brilhado?
- perguntou o fósforo.
– Mas ter que me queimar… Isso dói demais e consome todas as minhas forças -
murmurou a vela.
Então respondeu o fósforo:
– Tem toda razão! Mas essa é a nossa missão. Tu e eu
fomos feitos para ser luz. O que eu, apenas como fósforo, posso fazer, é muito
pouco. Minha chama é pequena e curta. Mas, se passo a minha chama para ti,
cumprirei com o sentido de minha vida. Eu fui feito justamente para isso: para
começar o fogo. Já você é a vela. Tua missão é brilhar. Toda tua dor e energia
se transformará em luz e calor por um bom tempo.
Ouvindo isso, a vela olhou para o fósforo, que já estava
no final da sua chama, e disse:
– Por favor, acende-me.
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