MEDELÍN 2023 - Documento Final do Encontro Continental da Fraternidade Leiga Charles de Foucauld da América
Deus tocou os corações, abriu os olhos e as mentes da
igreja para começar a caminhar junto com seu o povo
“Gritar
o evangelho com a vida” Carlos de Foucauld
A Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano de
Medelín, de 24 de agosto a 6 de setembro (1968), foi a implementação do
Concílio Vaticano II na América Latina. Implicou a emergência de uma nova
prática pastoral a partir de um modo renovado de autocompreensão eclesial
latino-americana que constitui um marco “fundacional”.
Os seus principais frutos foram as consequências de assumir a
tarefa conciliar de um impulso renovador que consagrasse a abordagem à
realidade (ver), lida na Palavra de Deus (julgar) e que conduz a um modo
particular de fazer o trabalho pastoral (agir) e finalmente celebrar a vida
(celebrar).
Nos eixos de: Justiça, Paz, Família e Demografia, Educação,
Juventude, Evangelização e Crescimento da Fé, Pastoral Popular, Pastoral de
Elites e Catequese.
Como ser cristão num continente cada vez mais empobrecido?
Esta questão ressoou permanentemente em 1968 na Conferência de Medellín e
continua ressoando para a Fraternidade Leiga Carlos de Foucauld, reunida em seu
Encontro Continental na cidade de Medellín, do 26/11 ao 03/12 de 2023.
Diante dos acontecimentos de sofrimento e de esperança
apresentados por cada delegação dos países presentes no encontro, deixando-nos interpelar
pelo Documento de Medellín, acolhemos,
compreendemos, discernimos e procuramos agir em coerência com o Evangelho.
O testemunho que emana de São Carlos de Foucauld, do
ensinamento da Igreja Católica e dos apelos do Papa Francisco a uma atitude de
construção da paz, da justiça e de
procura da fraternidade universal, conduz-nos a uma vida identificada
com os últimos e mais abandonados
(Fratelli Tutti, 286-287).
“NOSSO ENCONTRO
COMO FRATERNIDADE CONTINENTAL DE
AMÉRICA EM
MEDELÍN 2023, INSCREVE-SE À LUZ DA
CONFERÊNCIA EM MEDELÍN EM 1968 PARA A AMÉRICA LATINA”
Sob esta luz, queremos deixar este precedente:
A sinodalidade da Amazônia e a crise climática, o papel do
Papa Francisco que nos convida a cuidar da nossa casa comum. Um aspecto crucial
que nestes dias a Fraternidade Leiga Charles de Foucauld abraçou, procura
compreender e assumir para transformá-la,
é o que se refere à dramática situação do planeta Terra, nossa Casa
Comum, consciente de que a humanidade
pode ser destruída por ações humanas brutais e irresponsáveis em busca de subtrair
ao extremo todos os bens e riquezas, num verdadeiro ecocídio que nos empurra
inexoravelmente para o genocídio total da presença humana no planeta. A responsabilidade
pela vida da nossa querida Casa Comum está nas nossas mãos e nas nossas
convicções. Como Fraternidade Leiga Charles de Foucauld, acolhemos o que
anunciam a Encíclica Laudato Sí e a Exortação Apostólica Laudate Deum, para
testemunhar com a nossa vida uma ecologia integral, reconhecendo que tudo está
interligado, onde a terra e a humanidade são um único ser, onde um ser vivo não
é autossuficiente, mas existe numa relação de interdependência e complementaridade
de serviço mútuo (Laudato SÍ, 86).
Outro aspecto é a fé integral e a formação política para
manter viva a memória do povo e o processo de luta na busca pela justiça e pela
verdade.
E com os mártires da nossa caminhada na América Latina,
podemos dizer:
“Quando um lutador derrama seu
sangue, ele não só faz isso, mas acima de tudo derrama Espírito sobre o
universo.
O Espírito que é vivo, permanece
y fica como que flutuando e procurando corações para pousar, procurando
corações para ungir.
Nossos corações se tornam uma
pista de pouso de um Espírito e não uma pista por fora, mas por dentro. Se
deixam ungir e então nos tornamos responsáveis pelas bandeiras desses combatentes,
que é a sua presença viva.
“O lutador está presente, vivo
entre nós, ele nos convoca e nos responsabiliza pela sua vida”.
Padre
Orlando Virgílio Yorio
Posição da Fraternidade Leiga do Continente Americano em
relação à guerra na Ucrânia e Rússia, o conflito em Gaza, entre outros:
Como nos diz o nosso querido São Carlos de Foucauld:
“É necessário amar a justiça e odiar a iniquidade e quando o
governo comete grandes injustiças contra aqueles que estão sob nossos cuidados,
é preciso dizer… não temos o direito de ser sentinelas adormecidas ou cães
mudos ou pastores indiferentes” ….
Carlos de Foucauld
Por esta razão, unimo-nos ao Papa Francisco no apelo ao fim
da guerra. Ouvimos o clamor daqueles que sofrem nesta guerra sangrenta, que faz
tantas vítimas inocentes, e rezamos ao Deus da Vida pela paz com Justiça.
Estamos convencidos, partindo das nossas realidades de cada
país, de que numa guerra ninguém ganha e que o sofrimento é levado aos pequenos,
aos mais vulneráveis.
“Inteligência, por favor,
parem com os ataques e as armas, porque deve ser entendido que o terrorismo e a
guerra não fornecem soluções, mas apenas a morte e o sofrimento de muitas vidas
inocentes. A guerra é uma derrota. Toda guerra é uma derrota. Rezemos pela paz
em Israel e na Palestina”.
Papa
Francisco.
Somos encorajados em nossa caminhada a olhar para nossos
filhos, nossos netos, que nos impulsam a dar o melhor de nós mesmos em favor de
um mundo de verdade mais justo, mais humano, mais equitativo, que lhes deixe
como herança um futuro de dignidade e de luz, e não de sombras, que seja de estabilidade
e não de sobressaltos ou ameaças.
A Casa Comum que habitamos é a única que temos e não podemos
desperdiçar os nossos recursos, temos a certeza de que nisto não há meias
medidas; ou somos a favor da vida, ou estamos na presença de um autoextermínio
coletivo.
Pedimos a Deus, por intercessão de São Carlos de Foucauld,
que nos conceda audácia, a inteligência, a sagacidade para saber enfrentar os
desafios que temos pela frente.
Assim como o Irmão Carlos, nos emocionamos com aquele
versículo do capítulo 25 de São Mateus neste imenso jardim que é a América:
“tudo o que fizerdes a um dos meus pequeninos, foi a mim que o fizeste”. Que
ele continue sendo nossa inspiração para tudo o que vier.
Fraternalmente em Jesus,
ASSINAM OS DELEGADOS DOS PAÍSES PRESENTES NO ENCONTRO CONTINENTAL AMERICANO:
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