DEUS MULHER


“Quando eu era criança, mamava no seio de minha mãe; agora que sou adulto, como carne dura.” Paulo Apóstolo

 

“O desenvolvimento de uma sociedade se mede pela condição da mulher dentro dela”. Charles Fourrier, Socialista Utópico

 

VER-

I - Violência Doméstica

 

1- Segundo a Organi
zação das Nações Unidas - ONU, a violência doméstica é a principal causa de lesões em mulheres de 15 a 44 anos em todo mundo.

A Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher (Convenção de Belém do Pará) é o primeiro tratado internacional de proteção aos direitos humanos a reconhecer, de forma enfática, a violência contra as mulheres com fenômeno generalizado, que alcança, sem distinção de raça, classe, religião, idade ou qualquer outra condição, um elevado número de mulheres.

Define a violência contra a mulher como “qualquer ação ou conduta, baseada em Gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual, ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública como na privada”.

 

2- No Brasil, de quatro em quatro minutos, uma mulher é agredida dentro de casa. Cerca de 130 agressões por dia. No ano de 2016, 4637 mulheres foram mortas no seu “lar doce lar”. Resultantes dessas agressões, 13 mulheres morrem diariamente em nosso País.

                                                                                            

3- O parceiro, marido ou namorado, é responsável por mais de 80% dos casos de violência reportados contra a mulher. Taxa de feminicídio no Brasil: 4,8 para cada 100 mil mulheres. Segundo a Organização Mundial da Saúde, OMS, essa é a quinta taxa mais alta no mundo.

 

4- Fenômeno internacional- exemplos: Alemanha, Noruega, Irã...

5- Naturalização do estupro (estava com decote...)

 

II- Tráfico Humano -

 

78% das pessoas traficadas a cada ano no mundo são do gênero feminino, encaminhadas principalmente para a indústria do sexo.

 

Segundo a UNIMA, ONG guarda-chuva formada por superioras religiosas da Igreja Católica e que tem assento na ONU, 98% dos demandadores sexuais de crianças e mulheres vulneráveis são do gênero masculino. O fato independe de classe social ou etnia.

Conforme pesquisa feita pela Universidade de Brasília em 2003, as mulheres mais traficadas no Brasil têm de 13 a 25 anos, são pobres e afrodescendentes.

 

III- Troféus de guerra

 

Nas guerras observa-se que um troféu para o macho vencedor é estuprar as mulheres do grupo vencido. Seria um ritual para demonstrar sua superioridade, espalhando seu sêmen entre os opositores, ao mesmo tempo que os humilharia. Na África essas mulheres estupradas pelo inimigo não são mais aceitas por sua própria tribo.

 

Na novela Pantanal, recém mostrada pela Rede Globo de Televisão, o peão que ousou “roubar” a mulher do outro foi estuprado pelo macho preterido. Na primeira versão da novela esse peão era castrado.

De qualquer forma seriam maneiras de aniquilar a masculinidade do rival, por aquele que não aceita ser trocado por outro. A mulher não deixa de ser um troféu para ele.

 

IV- Cidade de São Paulo

 

A metrópole de São Paulo, juntamente com Nova Delhi, na Índia, são consideradas as mais violentas sexualmente no que diz respeito às mulheres. De onze em onze minutos uma mulher é estuprada em locais púbicos em São Paulo.

Os bairros mais violentos da cidade não têm Delegacias da Mulher.

 

V- Outras formas de violência à Mulher

 

- Casamento infantil - Gilberto Freire - História do Brasil.

Atualmente uniões de adultos com adolescentes são aceitas pela família da menina como uma ascensão social.

Cultura islamita

 

- “Mutilação genital feminina - 200 milhões de garotas – MGF / ONU

Encontro de países de língua portuguesa – Lisboa – PUXA-PUXA, Moçambique.

 

- Diferenças de oportunidades intelectuais - PLAN International 2017 - as meninas têm uma hora e meia por dia a menos que o irmão para estudar ou brincar.

 

Violência à mulher é sistêmica - perpassa toda a sociedade. Política: 52% de eleitoras, mas apenas 16 % de representatividade.

 

Se formos falar sobre a violência contra a mulher, creio que uma enciclopédia seria pouca para discorrer sobre o tema. Há infinitas formas de violência contra a mulher: desde a estrutural - que permeia toda sociedade, até seus desdobramentos, como o tráfico de mulheres e meninas, a violência doméstica, a violência econômica que atinge de forma mais cruel as pobres e pretas, a violência política, os abusos sexuais e estupros coletivos etc., etc., etc.…

 

 

JULGAR

 

I- Em especulações sobre o porquê de tal fenômeno, o psicólogo da família, o francês Barruel de Lagnest, o.p. afirmou categoricamente: “O homem tem inveja do poder da mulher em dar à luz a uma nova vida. Em vez da inveja que as mulheres teriam do pênis do homem, defendida por Freud, são os homens que têm inveja da mulher. Daí descarregarem essa inveja violentamente”.

 

Para o psicanalista Deocleciano Bendocchi Alves, a causa dessa violência é ainda mais profunda: “O homem se sente excluído da relação mãe/filho durante a gestação. A mulher, quando a gravidez foi desejada, se completa com o filho e não precisa do companheiro para ser dois”.

 

O sociólogo francês Pierrè Bourdier fala da Violência Simbólica, quando o oprimido aceita e acata a visão do opressor.

 

 Acredito piamente que, se não enfrentarmos as causas do fenômeno, estaremos sempre “enxugando gelo”. Claro que temos de enfrentar as diversas formas de violência à mulher, como na Lei Maria da Penha, mas também creio que devemos nos aprofundar mais nas causas do fenômeno.

 

 

- Antropologia e Arqueologia

 

A Antropologia e a Arqueologia nos mostram que no começo Deus era mulher. As primeiras representações da Divindade eram femininas: Terracotas de 30 centímetros – um pouco mais, um pouco menos, a cerca de 30 a 35 mil anos AC, representavam mulheres com grandes seios e barriga proeminente, muitas vezes sem cabeça, e eram adoradas como o ser supremo. Nessas pequenas comunidades não havia a figura do pai. Assim como da terra nascia a comida que os sustentava, da barriga da mulher saia um novo ser. Como o sexo era naturalizado da mesma forma que comer, dormir, ter um lugar para se abrigar, não havia ligação entre o ato sexual e a gravidez. Daí a mulher ser sempre comparada à Terra, como a Pacha Mama dos indígenas latino-americanos.

 

Parece que na História da Humanidade nunca houve matriarcado, mas matrilinearidade. Cada membro da comunidade sabia de qual barriga tinha vindo. (Bendita barriga de mulher que traz a Vida ao mundo)!

 

Outro fator muito interessante: nessas comunidades não há registros de guerras, eram comunidades pacíficas e cooperativas. Para o mitólogo americano, Joseph Campbell, “Os mitos da Grande Mãe ensinam compaixão por todos os seres vivos. Aí você chega a apreciar a real santidade da terra, já que a terra é o corpo da Deusa”. A grande Mãe dá a Vida todas as coisas em seu ventre, mostrando a sacralidade da terra.

 

 

Para Marija Gimbutas, uma das mais famosas arqueólogas, especializada no assunto, “A arte centrada na Deusa, com a marcante ausência de imagens bélicas e dominação masculina, reflete uma ordem social na qual as mulheres, como chefes dos clãs ou sacerdotisas rainhas, desempenhavam papel central”.

 

Essa é uma realidade em todas as sociedades ancestrais. Além da Pacha Mama, na América do Sul, temos Nana Buruquê nas religiões africanas que até hoje têm suas Mães Menininhas. Ainda na África, Mawu, outro nome para a Mãe Criadora. Pótnia, na Turquia, mãe de todas as outras divindades femininas; Isis, no Egito, que deu à luz ao sol; Aditi, na Índia, Deusa Mãe de tudo o que existe no céu; Nu Gua, na China, Mãe da Humanidade; Gaia, na Grécia, mãe de todos os deuses; e o rio Ganges, que para os hindus é feminino- Canga - Deusa da Purificação. Ouso dizer, que para a população pobre e sofrida de nosso País, Maria é adorada como uma Deusa.

Quem reinava era a Grande Deusa, a Deusa Mãe, a Mãe Cósmica, a Deusa Terra em um culto à natureza. Segundo Joseph Campbell, na mitologia mais antiga, a Deusa era vista como a principal força criativa do universo.

 

- Duas versões para fenômeno da violência à mulher

 

 

Por que mudou?

 

Não, o mundo nem sempre foi violento com a mulher. Pelo contrário, o ser humano feminino era muito prestigiado. Isto porque, no começo, Deus era mulher...

 

Mas então, como chegamos a uma única divindade masculina que rege todas as forças do universo?

 

Uma das versões para tal fenômeno, defendida por Engels, diz que essas primeiras comunidades matrilineares extremamente pacíficas, onde a deusa era feminina, viviam da pequena caça e do que brotava espontaneamente da terra e de uma agricultura primária. Com o crescimento da população, foi necessário a caça de animais maiores. Daí a força física do homem ser essencial. Então aparece o deus fêmea e macho, bissexual como o Yang e Yin.

 

A terceira fase de aparecimento das diversas divindades, tem como exemplo a religião asteca, onde o homem sai da barriga da mulher, mas pisa em cima dessa barriga.

 

Finalmente, cerca de 12 a 10 mil anos atrás, o homem descobre o arado. É o início do agronegócio... (sic). A mulher é quem descobre a agricultura, pois ela é como a lua, cíclica: na mulher acontece a menarca, a gravidez, o aleitamento, a menopausa. A produção de alimentos vindos da terra, também tem seu o próprio ciclo. Daí, também a identificação entre a mulher e a fértil terra, como também com a lua e suas fases.

 

Porém, como o arado dá maior produtividade à produção agrícola, a posição do macho, do homem, alcança novo patamar. Então, o ser humano passa de nômade a sedentário. Ele se torna proprietário da terra. É o início da propriedade privada. Desse modo, o mais forte domina o mais fraco para ser seu escravo e trabalhar em sua terra. É o início da escravidão. E é também nessa época que o macho percebe seu papel na reprodução humana: “Se eu não transar, não vai ter bebê...” Nesse caso, a esposa do senhor deverá ser virgem, não por um ato de amor, mas para garantir que suas posses, sua herança, não venham cair nas mãos dos filhos do vizinho...Ele poderá ter muitas outras mulheres, mas a mãe do herdeiro homem, o que vai suceder o pai e receber sua herança, será a esposa oficial. Começa então a dominação da mulher pelo homem. Dominação da mulher e escravidão, assim como a propriedade privada, aparecem na História Humana de mãos dadas.

 

As cerimônias de casamento que perpetuamos até agora, são um resquício desse fato. A noiva de branco - significando que é pura, virgem, material intocado, “zero quilômetro”- é levada ao altar pelo pai João, que a dá em casamento ao José, numa cerimônia presidida pelo padre, juiz, rabino, mulá chamado Cristóvão. Qual o nome da noiva?! Ela não o tem. A noiva é uma mercadoria que passa das mãos do pai para seu futuro senhor, o marido. Ela é filha de João, esposa de José, casada por Cristóvão e, se Deus quiser, sua primeira cria será um homem, mãe do Júnior. Aliás, violência que acontece com quem não tem nome, não existe...

 

 

É dessa época que a divindade deixa de ser feminina para ser a figura do Pai, senhor da vida dos seus. Começa então o sistema econômico social chamado “patriarcado”, juntamente com a ideologia denominada “machismo”.

 

Então, “a mulher foi degradada, convertida em servidora, em escrava do prazer do homem. Esse rebaixamento da condição da mulher, tal como aparece abertamente, por vezes mais suave, mas de modo algum eliminado”. Friedrich Engels, “A Origem da Família, Propriedade e do Estado”.

 

Uma das mais famosas estudiosas dos mitos na história humana, a arqueóloga Marija Gimbutas, tem outra explicação para a dominação do masculino sobre o feminino.

Segundo ela, no termo que designou como “Europa Antiga”, ocorria o culto à Deusa no Neolítico. Esse território incluía “Creta e Malta, duas importantes áreas de culto à Deusa, e ainda o norte dos Balcãs, a Tchecoslováquia, Iugoslávia, Hungria, Romênia e Bulgária. Joseph Campbell, “DEUSAS - Os Mistérios do Divino Feminino”.

 

Gibuntas afirma que entre 7.000 aC e 3.500 aC, os habitantes dessa região desenvolveram uma organização social muito mais complexa que seus vizinhos a oeste e norte, formando assentamentos que quase sempre chegavam a pequenas cidades, inevitavelmente envolvendo especialização, artesanato e religião”.

 

Também a arqueóloga Riane Eisler concorda com Gibuntas: “Nessa sociedade altamente criativa e pacífica, a masculinidade não era  comparada à dominação e conquista... Todas as mulheres e os “suaves” ou “femininos” valores de cuidado, compaixão e não violência - tão desprezados pela estereotipada ideologia da dominação “masculina” -  não precisavam ser desvalorizados”. Todos os Nomes da Deusa.

 

Mas, então, um acontecimento muda completamente a vida nessas comunidades pacíficas e agrárias. Por volta de 3.500 AC. esse povo estava entre duas forças atacantes: os semitas, vindos do deserto, e os indo-europeus, vindos do Norte.

Os semitas eram praticamente criadores de ovelhas e gado, e invadiram a região com força cada vez mais violenta. Essas tribos varreram as várias regiões do Sudoeste Asiático. Os hebreus representaram, segundo Campbell, o ponto extremo de rejeição à Deusa. As deusas eram chamadas de “abominação”.

 

Os indo-europeus eram criadores de gado, também extremamente violentos, e tinham uma tremenda vantagem sobre seus oponentes, pois usavam cavalos nas suas incursões. Eram conhecidos como “kurgans”. Com eles também chegam, a violência, o patriarcado e as línguas indo-europeias.

Uma das discussões feitas sobre o porquê da agressividade dessas tribos, seria o fato de viverem no deserto onde a natureza não era generosa com eles, não inspirando divindades femininas. Então os deuses tribais -masculinos - tiveram prevalência entre eles.

 

Nossa sociedade cristã é fruto da influência da religião Abraâmica, assim como os países árabes e Israel. Em 2000 a C, nas áreas invadidas pelos semitas, não mais havia resquício da adoração da Deusa.  Jeová, era o Deus único e masculino, que reina sobre tudo e todos.

 

 

Fica evidente que o arquétipo da mãe, é extremamente forte na vida dos humanos.

 

 

II - A criação humana, escrita no Livro de Gênesis, está sendo reinterpretada por muitas cristãs e cristãos da atualidade. Esse é um dos últimos livros do Antigo Testamento a ser escrito. Acredita-se que 500 anos antes de Jesus nascer. Ele foi escrito pelos sábios ou também sábias do povo judeu que vivia na Babilônia em cativeiro. Como estavam perdendo suas raízes culturais e religiosas, estando a tanto tempo junto com “gentios”, os mais velhos acharam por bem contar o início do povo escolhido, a Gênesis deste povo.

 

É evidente que o que esse Livro conta teve mais de uma versão, pois enquanto de um lado afirma que “macho e fêmea Deus os criou”, por outro, conta a terrível história de Adão e Eva em que ela se transforma na grande vilã da humanidade. Nesse mito, quem dá a vida à Eva, é Adão, um homem. Roubam da mulher até mesmo a maternidade...

 

Deus só fez o Bem. Quem traz o sofrimento, o mal e a morte para todos nós é uma mulher: Eva. Ela levou o pobre Adão (um pouquinho débil mental...) a comer da árvore da sabedoria, não do sexo, porque sexuados eles já eram. A Árvore que os fariam deuses, já que tudo saberiam. A Árvore do podre poder para dominar o outro.

 

Então, a serpente, que na mitologia feminina representa o renascer da vida, pois ela perde a cobertura velha e ganha uma nova, transforma-se em representação do mal. Vai rastejar pelo resto de seus dias.... Note-se que nos anéis dos médicos e nas representações médicas aparece a figura da serpente, cuidadora da vida…

 

A mulher, com seu corpo vinculado à natureza, é o ícone da carnalidade que leva ao pecado e à morte. Essa visão da mulher perigosa, que leva o macho ao pecado, está infiltrada em nossa Antropologia Abraâmica.

 

“O mito da criação, como é contado no Gênesis, está agora no centro das crenças de dois bilhões de cristãos em 260 países - ou seja, um terço da população do mundo herdou um mito que culpa a mulher pelos males e sofrimentos dos homens”.

Misoginia, o preconceito mais antigo do mundo, Jack Holland

 

 

Segundo essa visão, Adão estava no paraíso brincando com as flores e animaizinhos (por sua descrição parece que ele era um pouquinho débil mental...). Sentindo-se muito só, Deus então faz para ele uma companheira tirada de sua costela. Porém, eles comem da Árvore Proibida que não era a sexualidade - pois sexuados eles já eram, mas do Podre Poder, do poder de dominar o outro, do Bem e do Mal, de querer se tornar um deus. Quando arguidos pela Divindade por seu comportamento, Adão não hesita em dedurar Eva: “A mulher que o Senhor me deu” …

 

O Apóstolo Paulo diz que a mulher não é a imagem de Deus, mas a glória do varão (Coríntios 11, 7). Santo Agostinho reforça: se a mulher não é a imagem de Deus, pois foi tirada de uma costela de Adão, então não é digna de salvação. Daí ele lembrou de sua santa mãezinha, e decidiu que a salvação da mulher vem através de um homem ou se casando com Deus.

 

Oito séculos depois, São Tomás de Aquino ainda reforça essa visão. Ele chega a dizer que devíamos amar o pai mais que a mãe, porque o pai é o princípio ativo na fecundação. Como o óvulo feminino só foi descoberto por Von Baer, em 1837, aceitava-se que a mulher era apenas a incubadeira onde o novo ser seria desenvolvido.

 

Tal visão tem grande influência dos gregos, que também acreditavam que no sêmen já estava pronto o homúnculo, a ser desenvolvido no seio da mãe. Se o novo ser fosse uma mulher, era considerado um ser defeituoso.

 

Consequência dessa visão-

 

- Casamento de padres, ordenação de mulheres...

 

- Um jovem homem americano foi preso por matar uma série de mulheres orientais. Ele afirmou que fazia isso porque essas mulheres eram muito sedutoras e levavam os homens ao pecado. Daí que matá-las era um gesto bom.

 

 

III- A religião, e posteriormente o que se chamou de Ciência, ajudou a “domesticar” a mulher. Doméstica é a mulher que assume o papel de manter as estruturas da casa em ordem - lavando, cozinhando e cuidando da prole para o homem poder produzir economicamente e culturalmente. Antes um papel dos escravos, hoje trabalho da mulher ou da profissional assalariada.

 

Um exemplo de como a dita ciência interfere na vida das mulheres violentamente, está no episódio histórico da Inquisição, da caça às bruxas. Como quem cuidava da saúde, quem exercia a medicina era as mulheres, as curandeiras, com o início do desenvolvimento científico os homens quiseram esse papel para eles. Daí a perseguição terrível que vai acontecer, quando milhares de mulheres, às vezes com seus filhos, são mortos na fogueira

 

A medicina dos séculos passados também deu sua contribuição para a “domesticação” da mulher. Ela devia se casar - claro, as das classes mais abastadas - gerar muitos filhos e ser submissa ao marido, como tinha sido ao pai. As que não se submetiam eram tachadas como sendo portadoras de “furor uterino” ...

 

III - 52% da população mundial é constituída por mulheres. Demos muitos passos na conquista feminina por uma vida mais digna? Com certeza. Mas muito ainda temos que conquistar. E creio, piamente, que a base dessa opressão perversa que nos abate está na visão antropológica Abraâmica, que reduz a mulher a uma servidora do homem.

 

 

 

IV - Por outro lado…

 

O começo da oração do Pai Nosso, ensinada por JESUS, tem essa tradução em aramaico, a língua falada por Ele:

 

A forma de falar do semita - como era Jesus de Nazaré - é diferente da nossa. Algumas palavras “ABVUM D’BASHMÍA”: “Pai-Mãe, respiração da Vida, Fonte do som, Ação sem palavras, CRIADORA do Cosmos! Faça sua luz brilhar dentro de nós, entre nós e fora de nós para que possamos torná-la útil”.

 

Quando Jesus estava para morrer no seu sacrifício na Cruz, Ele sussurrou suas últimas palavras: “Abba” em suas mãos entrego a minha alma”. ABBA continha o feminino e o masculino juntamente.

 

Os numerais também eram integrados na conversação, como “sete vezes setenta”, a reposta dada por Jesus, quando lhe perguntaram quanto teríamos de perdoar ao sermos ofendidos. “Sete vezes setenta.” significa “infinitamente”. Infelizmente, quando o Evangelho, a Boa Nova, foi traduzido para o grego e o latim, predominou o gênero masculino, identificando Deus como um Ser masculino. Exemplo: a palavra “Ruah”, que em aramaico significava vento ou espírito de Deus, era feminina. No grego ficou neutra, e na tradução latina, masculina: Espírito Santo.

 

Atualmente muitos teólogos como Leonardo Boff, Ivone Gebara, Irmã Zeca e outros tantos estrangeiros como o espanhol dominicano Emílio García Estébanez, o jesuíta Hans Küng (que foi colega de Teologia de Ratzinger), as teólogas Rosemary Radford Ruether, Uta Ranke - Heinemann e mesmo vários outros teólogos e teólogas de confissões cristãs protestantes estão revisando o machismo introjetado dentro da tradição judaico-cristã, isto é, na cultura Abraâmica, que também inclui os islamitas.

                                                        

Essa tradição, trazida para nós na América Latina por nossos conquistadores portugueses e espanhóis, oriundos de Impérios Católicos tradicionais e patriarcais, moldou a nossa maneira de ver a vida, o que chamamos de “visão do mundo”.

 

- Carinho de Jesus pelas mulheres

 

Humus - homem

Vir- homem- virtude, uma só palavra para proezas militares e virtude/ética

- Romanos

Feminino- fede minus (fé menor)

 

Gregos- conceito de VIDA

 

Zoé - fauna, flora, mulher e escravos

Bio- macho; soldado saradão

Guerra- propósito da Vida

 

 

 

AGIR-

 

 

“Deus é mais Mãe do que Pai”, afirmou o Papa do Sorriso, João Paulo I, poucos dias antes de ser encontrado morto no Vaticano.


 -Recuperar o Feminino da Divindade

COMO?????????

Priscila Siqueira, 

Fraternidade de São José dos Campos (SP)




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