PILARES DA FRATERNIDADE LEIGA CHARLES DE FOUCAULD
No Retiro de Nazaré da Fraternidade Leiga, em Ribeirão Pires, SP, entre os dias 13 a 15 de outubro de 2023, me foi pedido para colocar os principais pontos que norteiam nossa vivência cristã. São eles:
1.
Conhecer
e seguir Jesus
Essa
foi a tônica da vida de irmão Carlos, após sua conversão. É dele essa importante
frase: “Apaixonei-me por esse Jesus de Nazaré crucificado há dois mil anos e
passo minha vida tentando imitá-lo”.
Por
isso devemos ler os Evangelhos, se possível diariamente, para encontrar nosso
caminho. Irmão Carlos escrevia a seu amigo Joseph Hours: Ler e reler sem cessar
o Evangelho, tendo sempre diante de nosso espírito os atos, as palavras, os
pensamentos de Jesus a fim de pensar, falar e agir como Jesus, para seguir seus
exemplos e seus ensinamentos (Carta a
Joseph Hours 2/5/1912).
2.
Acolher
o irmão e, sobretudo, o excluído
Os
membros da Fraternidade Leiga, seguindo Jesus e irmão Carlos, devem ser
solidários com os excluídos. Como diz o nosso documento base, Caminho de Unidade, precisamos
“compartilhar suas angústias, suas esperanças e lutas, em vista de uma
verdadeira libertação; reconhecer em toda pessoa, sobretudo, naquela que está
ao nosso lado, um irmão a amar, especialmente os mais abandonados, seja no
plano material, no plano espiritual ou moral” (2.2).
E
o Papa Francisco nos impulsa ser uma “Igreja de campanha”, isto é, uma “Igreja de
campo de batalha”, não devendo ter medo de nos comprometer, de sujar nossas
mãos. Devemos agir como o Bom Samaritano, socorrendo o irmão que está ferido, à
beira da estrada.
3.
Praticar
o macroecumenismo
Seguindo
irmão Carlos, que viveu entre os tuaregues sem fazer proselitismo, os membros
da Fraternidade devem praticar o “apostolado da bondade”. Por isso o Caminho de Unidade coloca também que “a
Fraternidade Secular nasceu na Igreja Católica, mas está aberta a todos que
aderem a mensagem do irmão Carlos” (1.1). Em nossos grupos já acolhemos pessoas
de outras Igrejas cristãs e de outras vertentes religiosas, pois como dizia o
grande teólogo Charles Journet “a fronteira da Igreja passa pelo coração de
cada um”.
4.
Partilhar
a vida em pequenos grupos
A
Fraternidade Leiga se organiza em pequenos grupos, em “células eclesiais”, que
se organizam conforme a realidade local.
As
reuniões devem ser uma oportunidade para refletir o Evangelho, partilhar a vida
com os irmãos e deixar-se questionar por eles, através da revisão de vida.
Como
afirma nosso Pequeno Guia, Irmão
Carlos não fazia ‘revisão de vida’, entendida aqui no sentido mais estrito, mas
buscava continuamente a vontade de Deus, desejoso de fazer sempre mais e de
imitar seu ‘Bem-amado Irmão e Senhor Jesus’ e ‘Gritar o Evangelho com a vida’
(Cap. 6, A prática, 2009, p. 37).
Alguns
têm dificuldade de sentir-se questionados, mas é nessa partilha fraterna que seremos
avaliados de como estamos vivendo o Evangelho.
5.
Rezar
e celebrar com os irmãos
É
importante realizar momentos de “encontro com Deus”, a sós ou em grupo, seja
pela leitura meditada do Evangelho, num momento de oração pessoal, realizado em
casa, seja por uma oração pessoal ou comunitária numa celebração ou nos “tempos
de deserto”. Quanto ao deserto, como
diz o nosso Pequeno Guia, “quando
falamos do deserto, o que nos vem à mente muitas vezes são as imagens dos
desertos geográficos, das grandes extensões de areia com oásis e palmeiras. Irmão
Carlos viveu o deserto entre os tuaregues, mas a maioria de nós não tem esse
privilégio, embora possamos fazer esta experiência em nossas vidas. Não vamos
ao deserto para lá permanecer, visto ser um lugar de passagem”. (...)
Fundamentalmente o deserto é “um
lugar de encontro com Deus” (Cap. 6, A
prática, 2009, p. 45).
Geralmente
o deserto realizamos com o grupo de
Fraternidade, numa casa de retiro ou num ambiente rural, geralmente uma vez por
ano.
6.
Viver
a “pequenez”
Uma
das caraterísticas da Fraternidade é a simplicidade de vida e a pequenez. “No
Reino dos Céus não tem valor nem as riquezas, nem a honra, nem a grandeza do
lugar que ocupamos, mas sim a humildade, a pureza, o amor”, escrevia o Irmãozinho
de Jesus, Teófilo (A pequenez. In:
PREZIA, Leigos nos caminhos de Charles de
Foucauld, 2023, p. 83). Jesus foi muito claro quando disse: “Graças Te dou,
Pai, pois escondeste estas coisas aos sábios e aos entendidos e as revelastes
aos pequeninos”. O mesmo irmão Teófilo fala do “perigo” de atribuir a si o
poder e de tomar o lugar que cabe só a Deus. Aí está um dos grandes perigos da
nossa sociedade moderna, que abandona Deus, porque não precisa mais dele, pois
a ciência pode agora resolver todos os problemas” (Idem, p. 84-85).
7.
Ter
uma vida simples
Procurar
ter uma vida simples e partilhada, mesmo que, devido à nossa profissão ou
formação acadêmica, possamos adquirir um padrão de classe média. O Caminho de Unidade já aconselhava levarmos
“uma vida simples, que é uma alternativa à sociedade de consumo” (2.2).
Essa
vida mais despojada é uma resposta ao apelo do irmão Carlos, que encontrou em Nazaré
um modelo de vivência cristã.
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