Mulher, bicho perigoso!…


Por: Priscila Siqueira (Fraternidade de São José dos Campos e Litoral Norte Paulista)

 

Tomem cuidado!!!  A mulher é um bicho perigoso: traiçoeira, cativante, que – com sua sexualidade – leva o homem ao mau caminho…

 

Não foi assim que nos ensinaram, mesmo que inconscientemente? Afinal, a leitura do texto de Gênesis diz que Deus criou homem, o macho. Como estava triste e solitário no Éden, Deus fez da costela de Adão uma mulher para ser sua companheira.

 

Mas daí, o que aconteceu?! Eva pôs tudo a perder, já que o tentou com o fruto do Podre Poder da Árvore do Bem e do Mal!!! Então, na história da humanidade, Deus só fez o Bem. O Mal é obra da mulher...

 

Santo Agostinho chegou a se questionar o porquê de Deus não ter feito outro homem, se Adão estava precisando de companhia, de alguém para conversar…

 

Conforme o pesquisador Jack Holland, “O mito da criação como é contada em Gênesis está agora no centro das crenças de dois bilhões de cristãos, em 260 países, ou seja, um terço da população do mundo herdou um mito que culpa as mulheres pelos males e sofrimentos do homem” (Misoginia, o Preconceito mais antigo do mundo)

 

E qual a consequência dessa maneira de pensar que nos é incutida principalmente pela cultura religiosa?

 

A violência contra a mulher é um fato universal. Em nosso País os dados são alarmantes: de três em três minutos, uma mulher é agredida fisicamente no território brasileiro. Daí, resultarem cerca de 13 mortes de mulheres diariamente, quase sempre causadas por seus companheiros, ex-companheiros ou pessoas conhecidas delas.

 

Tal violência ou repúdio à mulher faz parte de nossa cultura. Haja vista a visão de diversas religiões sobre ela, mesmo que afirmadas em tempos passados:

 

“Bendito seja Deus que não me fez nascer pagão. Bendito seja Deus que não me fez nascer mulher. Bendito seja Deus que não me fez nascer escravo”

Oração judaica antiga, no mais tardar do século 1DC, conservadas em três obras rabínicas.

 

“Deus Todo Poderoso criou o desejo sexual em dezno mais tardar do século1DC partes: então, Ele deu nove partes para a mulher e uma, para o homem.”

Ali ibn Abu  Talib, marido de Fátima, filha de Muhammad, fundador da seita xiita.

 

 

“O que é a mulher senão a inimiga da amizade? (…) Uma inevitável punição, um mal necessário, uma tentação natural”.

Inquisidores dominicanos, Henrich Kramer e James Sprenger, no livro “Martelo das Feiticeiras”.

 

A causa de tanta violência contra a mulher sempre me intrigou. Freud dizia que a mulher tinha “Inveja do Pênis”. Claro que era para ter: O irmão que nascia com esse adendo biológico tinha privilégios que menina nenhuma tinha ou tem. Creio que essa “inveja” provém de um fator social e não é inerente à psicologia feminina.

 

Já o frei dominicano e psicólogo Barruel Lagnest, op, dizia que a inveja era do homem pois quem trazia vida ao mundo é a mulher, coisa que ele não podia fazer. O psicanalista Deocleciano Bendocchi Alves vai mais longe: a “inveja” do homem em relação à mulher, é ele que fica excluído da relação mãe/cria quando essa mulher está feliz e realizada com a gestação.

Será que essas frustrações são as responsáveis pela violência contra a mulher?!...

 

Vejam, irmãs e irmãos de nossa Fraternidade leiga: Até do conceito de Deus, tiraram o feminino. Deus é Pai, homem, macho. A mulher não participa da Divindade. Isso apesar de sabermos que “Espirito Santo -masculino- é a tradução latina para RUAH, palavra Aramaica, língua falada por Jesus, e que queria designar o feminino de Deus.

 

João Paulo I já dizia; Deus é mais Mãe do que Pai. Francisco tem advertido sobre a masculinização da religião e da Igreja. Ele clama que devemos recuperar o feminino em nossa religião. Sua primeira palavra em janeiro desse ano, foi alertando sobre a violência à mulher.

 

Viva!! Nesse oito de marco, Dia Internacional da Mulher, somos embalados pela esperança de que novos tempos estão chegando onde todos seres humanos serão respeitados como cidadãos e Filhos de Deus.

 

Como dizia Dom Helder Câmara,

 

Homem e Mulher, diferentes sim, mas iguais em Dignidade!”

 



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