RESSURREIÇÃO


Por: Priscila Siqueira (Fraternidade de São José dos Campos e Litoral Norte Paulista)

O bisneto de uma grande amiga, um garoto de menos de seis anos, quando entrou na capela e viu a grande imagem de Jesus Crucificado, pensativo, não parava de olhar para ela.

 

Sentado nos primeiros bancos da capela, uma hora não aguentou –“Veja, papai, que horror: bateram nele, machucaram ele, mataram ele e ainda deixaram ele pendurado aí só de cueca”.

 

Quando ela me contou essa passagem, me lembrei que meu neto mais velho não gostava de ver a imagem de Jesus na Cruz. Ele, pequenino, se encolhia nos meus braços e pedia para ir embora da igreja. A impressão que me dava é que a criança tinha uma sensação de medo, tristeza e pavor.

 

Tudo isso me remeteu ao que aconteceu comigo: Certa tarde eu estava andando na minha cidade, quando vi um belo cartaz de uma igreja Pentecostalista que dizia:

“-Aqui, nós pregamos o Cristo Ressuscitado!”

 

 

Irmãs e irmãos, esses dizeres me fizeram refletir: Por que nossa Igreja Católica, a nossa amada Igreja, insiste tanto na Cruz, no sofrimento de Jesus, e não na sua Ressurreição?! Por que, em vez de crucifixos não estampamos em nossos altares o Cristo Ressuscitado?

      

Por que temos valorizado tanto o sofrimento e não a auto-valorização, a auto-afirmação, as comunidades de resistência de vida? Por que uma teologia que identifica Amor com Sofrimento?

É Paulo que afirma: “Se não acreditarmos na Ressurreição, nossa fé é vã”.

 

Irmãs e irmãos, acho que temos nós, católicos, uma tendência de super-valorizar o sofrimento: como disse o padre Lancelotti em um de seus magníficos sermões, um biblista que foi seu professor no seminário, insistia em dizer que a morte de Cristo não se devia nem aos romanos, nem aos judeus. Mas a Ele mesmo, quando desafiou o poder religioso judeu varrendo do templo dos cambistas e o poder romano quando entra em Jerusalém em cima de um burrico acompanhado de uma multidão de adeptos.

 

 

 

 

O Nazareno nos dá um exemplo de coerência total com seus valores de luta pela dignidade para todas as criaturas, justiça e empatia com os excluídos socialmente. Ele sabia que agindo assim, tinha uma “morte anunciada”, mas assim mesmo, foi até o fim.

 

É a Ressurreição de sua Mensagem que nos dá ânimo de continuar a luta pelo Reino de Deus e sua Justiça no mundo, não é mesmo?!...

 

Sim, irmãs e irmãos queridos: Se não acreditarmos na Ressurreição, na vitória da Vida sobre a Morte, nossa Fé é vã...

Fonte da imagem disponível em: https://cebsdobrasil.com.br/ana-maria-casarotti-missionaria1-de-cristo-ressuscitado/




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1 Comentários

  1. Nessa época, na qual a extrema direita avança a passos largos no planeta todo, na qual até nossos irmãos e irmãs de luta pelos valores cristãos estão se equivocando e fazendo alianças com essa mesma extrema direita em troca de entregarmos nossas candidatas de bandeja para ajudar nas eleições vindouras, em troca, quem sabe talvez consigamos uma cadeira numa Câmara de Vereadores qualquer, que não nos servirá para nada já que estará comprometida com valores opostos aos nossos, essa reflexão do Cristo Ressurreto vem muito a calhar.
    Devemos nos perguntar: será que nosso amado Cristo Ressuscitado, que na verdade vive entre nós, estaria satisfeito conosco se em nome de jogadas políticas eleitoreiras, realizarmos alianças com esses anticristos, que dedicam suas vidas à destruição de democracia, dos direitos das mulheres, das crianças, dos idosos, dos mais pobres, enfim, de todos os excluídos?
    Teoricamente, sabemos que não!
    Então, não nos esqueçamos, todos nós comprometidos com a luta do Cristo no mundo, que nosso compromisso político, acima de tudo, é com esse Cristo Ressurreto. Não vamos colocar em nossas biografias essa grande vergonha. As eleições passam mas nossas biografias continuam.

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