QUARTA JORNADA: O MISTÉRIO DE NAZARÉ
JORNADAS EM NAZARÉ ACOMPANHADAS POR IRMÃO CARLOS
(Em preparação ao aniversário de sua morte - 1º de Dezembro)
QUARTA JORNADA
O MISTÉRIO DE NAZARÉ
Detenhamo-nos alguns momentos em três das atividades mais importantes que provam a espiritualidade de Nazaré.
A primeira refere-se à prática da caridade fraterna e da justiça, que na realidade sempre andam juntas. Nazaré nos lembra que a maturidade da caridade e da justiça se verifica não tanta através das pessoas e situações que nós mesmos escolhemos, mas através daquelas que a vida nos impõe (aquelas que ela coloca “perto de nós”, tornando-os nossos próximos), ou seja, aquelas pessoas e circunstâncias que Deus nos envia. É aí que está o nosso Nazaré: os familiares, os colegas de trabalho, os que se aproximam de nós por qualquer motivo, os que moram conosco sob o mesmo teto. São estes os que põem à prova a maturidade do nosso amor ao próximo, pois, por estarem mais perto de nós, conhecemos seus defeitos, que nos irritam, surgem incompatibilidades e mal-entendidos, e ficamos algumas vezes ressentidos com suas atitudes e palavras. Seria uma tentação ignorarmos os que estão perto para sairmos à procura dos que estão longe, vivendo, assim, uma caridade e uma justiça de grandes ideais, porém sem consistência imediata. Possuímos ideias sociais e políticas avançadas, mas faltamos com a justiça, julgando mal os que vemos habitualmente, ou agindo sem compaixão para com os subordinados, ou deixando-os em má situação só para salvarmos o nosso prestígio.
A segunda atitude, que é uma aplicação prática da primeira, diz respeito ao amor preferencial pelos pobres. A prova decisiva de maturidade desse amor não se verifica por possuirmos ideias avançadas, discutindo sobre elas; a prova dele é, principalmente, nossa atitude e contato cotidiano com o pobre sofredor concreto: é aí que está o nosso Nazaré. Aquele pobre que nos interrompe, que algumas vezes nos logra, que é muitas vezes impertinente e egoísta – como qualquer ser humano – e que não possui aqueles valores e impulsos sociais que os ideólogos lhe atribuem. O pobre concreto é o único que, só com sua mera presença, é capaz de questionar o nosso estilo de vida; é ele que vem pôr à prova o nosso amor de amigos (não apenas aquele amor de benfeitores); é ele que vem muitas vezes arrancar-nos dos nossos planos, forçando-nos a uma espécie de compromisso que não dependerá de nós eliminar ou reduzir. É que todo amor que não nos arrancar daquele nosso estilinho de vida preestabelecido ou que não fizer com que nos sintamos inautênticos cada vez que falarmos em compromisso com os pobres e em justiça e libertação ainda não estará sendo um amor amadurecido inspirado no Evangelho, aquele amor que Jesus vivia em Nazaré e, mais tarde, no seu relacionamento com os leprosos e mendigos da Palestina.
A terceira atitude refere-se à prática da pobreza (...) Pobreza evangélica significa a renúncia interior a pessoas, coisas, lugares, cargos, planos etc., a fim de crescer em liberdade e em amor. Essa renúncia interior se manifestará, necessariamente, através de certas práticas exteriores, e de um estilo de vida simples, austero, coerente e compatível com o estilo e nível das pessoas mais pobres. Esse estilo de vida pobre chegará à sua maturidade não tanto naqueles casos (também necessários) em que nós mesmos escolhemos de acordo com limites traçados por ele (...) Para o seguidor de Jesus, a pobreza principal é aquela que é composta pelo próprio ambiente, por suas limitações, pela escassez de todo tipo, por não dispormos do nosso tempo, pelos incômodos que sentimos, enfim, por tudo aquilo que não conseguimos fizer nem possuir. A pobreza principal consiste em aceitarmos o cenário do nosso Nazaré pessoal. (Segundo Galilea).
1. Meditação da manhã
“Todos os que quiserem ser perfeitos... devem viver pobremente, na mais fiel imitação de minha pobreza de Nazaré...Em Nazaré, convido à humildade, ao apagamento, a obediência... Que desprezo das grandezas humanas... de tudo o que o mundo preza: nobreza, riqueza, posição social, cultura, inteligência, reputação... Como afasto tudo isto para longe de mim, deixando ver em minha pessoa apenas um operário bem pobre que vive piedosamente uma vida tão retirada! ...” (Meditação sobre a vida oculta)
2. Meditação do meio dia
“Trata de ser aos olhos do mundo o que fui em minha vida de Nazaré. Nem mais nem menos” (Meditação sobre o Evangelho)
3. Meditação da tarde
”Alegro-me infinitamente por ser pobre, vestir-me como operário, ser serviçal, pertencera essa condição humilde que foi a de Nosso Senhor Jesus Cristo, e por uma graça excepcional poder viver tudo isso em Nazaré” (carta ao sr. de Blic).
4. Momento de adoração
“Nenhum hábito – como Jesus em Nazaré; nenhum claustro – como Jesus em Nazaré; não uma habitação distante de qualquer lugar habitado, mas perto de um povoado – como Jesus em Nazaré; não menos de oito horas de trabalho por dia (manual ou de outro tipo, mas sempre que possível manual) – como Jesus em Nazaré; nem terreno grande, nem casa grande, nem grandes despesas, nem mesmo grandes donativos, mas extrema pobreza em tudo – como Jesus em Nazaré...”( [?] 1905)
5. Meditação da Noite
“Tua vida de Nazaré pode ser levada em toda parte, leve-a onde for mais útil para o próximo”. ( [?] 1905)
Postar um comentário
0 Comentários