QUINTA JORNADA: A FORÇA QUE BROTA DA EUCARISTIA

JORNADAS EM NAZARÉ ACOMPANHADAS POR IRMÃO CARLOS

(Em preparação ao aniversário de sua morte - 1º de Dezembro)


QUINTA JORNADA

A FORÇA QUE BROTA DA EUCARISTIA

A ideia de Jesus é genial: reunir os homens na unidade, partindo não das ideias, mas da matéria. A força da unificação e conciliação dos homens, a energia oculta que une é Cristo, mas Cristo quer que esta energia seja colhida e simbolizada no pão e no vinho. Porque o pão e o vinho nos unem na mesa e são o símbolo melhor desta união. A Eucaristia não deveria ser celebrada na Igreja porque não se dá comunhão. A repetição do gesto e das palavras de Cristo, porém tem exatamente esta finalidade. Jesus não nos convidou a repetir seu gesto a partir de uma ilusão, pensando num mundo já unido. Ele sabe muito bem que o mundo está dividido e justamente por isso prepara-se para morrer.

O pão nasce da terra, mas para ser pão deve passar pelas mãos do homem. O pão simboliza o produto indispensável à vida do homem e é aquele produto que mais precisa de mediações: do campo à ceifa, à debulha, ao moinho, à panificação. São pelo menos quatro mediações sem levar em conta a distribuição.

A Eucaristia nos lembra o empenho de fazer comunhão entre nós passando pela produção. Mas também tem outro significado: chama-se “páscoa” que quer dizer passagem da escravidão para a liberdade. Portanto este pão é pão libertador porque é pão para a viagem, viático, não para ser conservado, mas para ser distribuído a todos aqueles e aquelas que estão em marcha para que se sustentem. Reparem bem, aqui se reúnem as ideias mais importantes da Eucaristia: é uma força que reúne, unifica, que deve se manifestar numa justiça que se torna concreta pela produção e distribuição dos bens, justiça que devemos procurar num movimento, numa viagem.

O que é no fundo o capitalismo? É a ante páscoa por excelência porque é a cristalização dos bens operada por uma pessoa ou um grupo e motivada pelo egoísmo, pelo desejo de superioridade, pelo medo do amanhã. O capitalista é um ser ante social, o mais ante social dos delinquentes. O dinheiro, símbolo do trabalho não comunicado produz um dos males sociais mais graves. O pão eucarístico é pão em movimento, pão dinâmico. Mas muitos cristãos não querem se mover e guardam para si a Eucaristia assim como guardam para si os bens da terra, encerrando-a num círculo pequeno, limitado. Enquanto a Eucaristia é revolucionária, porque nos põe na necessidade de compartilhar, de dividir.

A Eucaristia é a presença constante de Cristo: Ele não se separa mais dos homens, não volta para as fileiras dos espiritualistas, fica numa solidariedade permanente com a terra e com o trabalho. Não parte da terra para fugir para o mundo platônico das ideias...

(...) Aos poucos descobri a Eucaristia como esta força enraizada na terra e no trabalho, este símbolo de fidelidade do Cristo ao homem e aos seus trabalhos; ouvi como a sua voz: - Não me desenraize do povo, do pão e do vinho, do trabalho do homem – Nazaré não é acidental, é a casa permanente de Cristo, a casa do carpinteiro, sua tenda entre os homens. A Eucaristia, esta presença permanente de Cristo que eu devo tornar visível, é a recordação permanente de que a revolução, o êxodo, a libertação consiste em fazer do fruto da terra o meio de comunhão entre nós, pelo trabalho do homem e da mulher. Para que a Eucaristia não fale de tudo isto, foi fechada num palácio real, trancada em pavilhões dourados e separada para sempre do trabalho e da terra, levada embora pelos cortesãos.

A Eucaristia foi separada violentamente da terra e do trabalho: numa celebração eucarística pensa-se em tudo menos nesta energia presente nas coisas, no trabalho, na produção para que sejam meio de comunhão. O lugar normal de Cristo é uma casa operária, é Nazaré, onde se trabalha e se defende o trabalho para que o produtor não seja espoliado e o fruto do trabalho não se torne meio de domínio e de opressão, para que o trabalho não sirva para outra coisa que não seja a comunhão. 

Agora talvez vocês entendam um pouco mais o que é a Eucaristia, e lhes direi: É vontade de comunhão – É a força da comunhão – É graça de comunhão -, e Cristo está do lado daqueles que vão buscar os frutos, caminha com eles(...) A fé na Eucaristia é alimentada pela coragem de ir reclamar os frutos e pela vontade de fazer comunhão, de romper as barreiras do medo para fazer dos bens meios de comunhão, porque somente esta é a gloria de Deus. (Arturo Paoli –Caminhando se abre caminho).



1. Meditação da manhã

“Creio que não há no Evangelho uma palavra que me tenha causado uma impressão mais profunda e transformado mais minha vida do que esta: ‘Tudo o que vocês fizerem a um desses pequeninos é a mim que o fazem’. Se considerarmos que estas são palavras da Verdade Incriada, saídas da boca que disse: ‘Isto é o meu Corpo... isto é o meu Sangue’..., com que força seremos levados a procurar e amar a Jesus nesses pequeninos...” (carta a Louis Massignon).


2. Meditação do meio dia

“Sejamos um em Jesus... Não lhe peçamos senão uma só coisa, que Ele viva em nós, que Ele nos faça pensar seus pensamentos, falar suas palavras e fazer suas ações” (cartas).


3. Meditação da tarde

“O melhor meio de não faltar nada é sempre partilhar, com muitíssima generosidade com os pobres, vendo neles o próprio Jesus”(Pensamentos e máximas).


4. Momento de adoração

“Meu Senhor Jesus que disseste: ‘Ninguém tem um amor maior de quem dá a própria vida pelos amigos’. Eu desejo, de todo coração, dar minha vida por Ti, peço-Te isto veemente. Todavia, não a minha vontade, mas a Tua. Ofereço-Te minha vida; faze-me viver e morrer como melhor Te aprouver; em Ti, por meio de Ti e para Ti” (Viajante Noturno).


5. Meditação da noite

“Vejo, com surpresa, que passo da vida contemplativa à vida do santo ministério. A necessidade das almas me conduz involuntariamente a isso” (Carta à sra. de Blic).


 ... CONTINUE  A  6ª JORNADA CONOSCO NA SEMANA QUE VEM. 



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