Rompendo o silêncio
Irmãs e irmãos da Fraternidade Leiga do Irmãozinho Carlos,
Não foi
à-toa que Paulo de Tarso, o Apóstolo dos 
Gentios, foi
categórico: “Quando eu era criança, mamava no seio de minha mãe; Agora que sou
adulto, como carne dura”.
E é “carne
dura” para nós cristãos, que a teóloga Ivone Gebara apresenta no seu livro
“Rompendo o Silêncio“ da Editora Vozes, já publicado em 2000.
A realidade
por ela colocada é dura, mas nós temos de enfrentá-la se quisermos ser
coerentes com a mensagem de nosso Guia Jesus. Ivone Gebara discute o “Mal” em
nossas vidas e na sociedade em que vivemos. Ela mostra claramente como esse
conceito está ligado à noção de Gênero. Simplificando, Gênero não é o fato de
nascermos homem ou mulher, mas o que a sociedade, a cultura e até mesmo a
religião faz com cada pessoa.
Não é sem sentido que a pensadora francesa Simone de Beauvoir afirmou: ”Não se nasce mulher. Torna-se mulher”. Fica claro no livro que o Mal masculino é transitório e passível se de ser superado. Porém, o Mal na mulher é constituinte de sua maneira de ser. Deem uma olhada na epístola do mesmo Paulo de Tarso à Timóteo: A mulher foi criada por segundo, o primeiro foi Adão; não foi Adão que foi seduzido, mas Eva; a mulher será salva por sua maternidade”. Enfim, nessa carta, a mulher é reduzida somente à procriação, uma máquina de fazer filhos...
Arrolando
testemunhos de vida de muitas mulheres, principalmente das mais pobres e
excluídas, Ivone Gebara dá um panorama de como a mulher é tratada na sociedade
e na religião. É só pensarmos no que a chamada “Santa Inquisição” fez com as
mulheres...
Essa teóloga
eco- feminista não receia expor a verdade. Ela chega a afirmar: “Ao meu ver,
os votos de pobreza, castidade e obediência, que estruturaram a vida religiosa
institucional, foram votos que nasceram particularmente da experiência
masculina. São sobretudo os homens que viveram a corrupção do poder, do ter e
do prazer. Foram eles que, a partir de sua experiência, perceberam que esses
comportamentos estavam longe do Evangelho de Jesus; eis a razão pela qual eles
criaram projetos de vida religiosa como restauração da vida cristã. Nesse
sentido os votos visavam restabelecer o equilíbrio e a justiça, para compensar
o que estava corrompido”.
Como a
mulher devia ser submissa ao pai, irmão e marido, ela dificilmente participava
do poder, do ter e do prazer. Para ela a vida religiosa, muitas vezes, era a
válvula de escape para tanta submissão opressiva. Porém, por vezes, dentro do
convento ela poderia encontrar também a opressão de uma madre superiora que
tinha a cabeça de um macho dominador.
Irmãs e
irmãos, gostaria muito de ter mais condições intelectuais para decifrar o livro
de IVONE GEBARA. O jeito é, para quem se interessar pelo tema, ler o livro que
é fascinante.
Uma coisa é certa: quando nosso irmão Carlos largou tudo e foi viver com os mais excluídos no deserto, ele fez uma aposta radical com seu “eu” religioso. Gebara nos propõe, de uma outra maneira, fazer esta mesma aposta e opção...
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